segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Conto: A Sorte dos lábios

Postado por Glaucia Mizuki às 09:52
O último dia em que te vi, estavas usando uma blusa laranja com flores brancas e uma bermuda jeans. Teus cabelos castanhos desciam encaracolados pelos ombros. Tua voz era rouca e a última palavra que ouvi, antes de virar a esquina foi "sorte".Tu me desejavas boa sorte.

Uma sorte que me foi tão útil quanto o sol em um dia de praia.
Eu precisei dela até o dia de hoje, enquanto espero te rever.
Vim só para te devolver a sorte, juro que nem queria mais te ver. 
No entanto não acho justo ficar em demasiado com a sorte alheia.

Sei que a qualquer momento tu irás aparecer na mesma esquina, e estou imaginando qual será o melhor ritual para que uma sorte seja devidamente devolvida.

Devo apenas pronunciar palavras de boa sorte? Será que em um aperto de mão a sorte se muda? Sim...creio que seja necessário um toque.
Talvez um abraço, ou então, quem sabe, um beijo. Eu sei, eu também não queria fazer isto, mas acho que um beijo rápido sela também a despedida.
Isto mesmo, assim que dobrares a esquina eu te darei um rápido beijo.

Se bem que se for muito rápido, talvez nem dê para toda a sorte que me desejastes se esvair de mim.
E um beijo no rosto está descartado, pois sorte é coisa que fica dentro de nós e para que melhor do que os lábios abertos se encontrando? Não há sorte melhor do que ter outros lábios para abraçar os teus , não é mesmo?
Com certeza! Um beijo na boca seria um símbolo de sorte. O que não posso é dar um beijo muito rápido para que a sorte não se vá pela metade.

Está decidido! Vou dar-te um beijo, demorado...hum...talvez mais do que um, pois a sorte que recebi foi muito grande. Tive muita sorte desde a última vez que nos falamos, preciso compensar teu prejuízo.
Apenas porque gosto muito das coisas justas e porque quero te provar que não preciso mais de ti para nada, vou devolver toda a sorte que me desejastes.

E ... agora até me peguei pensando...será que apenas em um encontro eu consigo devolver-te tudo? Não seria, talvez, interessante, eu poder levar a cada dia um pouco de sorte, e te entregar aos poucos, até para não te fadigares com o peso de tamanha boa ventura?

E se eu te prometer que de hoje para sempre, por todos os dias de nossas vidas, eu te devolverei, devagar e continuamente, toda a sorte que me desejastes...tu casarias comigo?

1 comentários:

Anônimo disse...

lindo

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