quinta-feira, 30 de maio de 2013

Poema: Mal me quer

Postado por Glaucia Mizuki às 01:16 2 comentários

O poema é uma flor
que mal me quer.

Não escrevo?
 Nem me atrevo!
Sem rima, sem métrica 
e
 sen
ti
...mento.


Poema: O MEDO DEVORA

Postado por Glaucia Mizuki às 00:46 0 comentários
O medo devora a retina.

A solidão?
Ah, esta menina...
de saia rodada
e mãos compridas.
Segura o ar
o sono
a vida.
E o tempo?
Passa, periférico...

no canto direito
e inferior
da tela do computador. 


sábado, 25 de maio de 2013

Margarida

Postado por Glaucia Mizuki às 21:11 0 comentários
Mulher
amada
ri
da
casta
Mulher

A MARGARIDA CASTA.
-------------

(poema de 20 anos atrás)

Poema: Vazio em excesso

Postado por Glaucia Mizuki às 10:59 0 comentários

O vazio que eu sinto não é na alma.
É a ausência de silêncio.
O vazio que eu sinto é na mente.

É excesso de pensamentos.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Poema: Meu filho...

Postado por Glaucia Mizuki às 14:17 0 comentários
Meu filho...
é uma tela.
Meu amor e eu 
misturados,
como pigmentos puros 
que se unem para formar 
outra cor.
E na paleta do meu ventre 
Deus pintou.

Meu filho...
é um poema.
Meu sangue e o seu
misturados,
feito letras
que se unem para falar
do amor.
E no vazio do meu útero
Deus rimou.


domingo, 28 de abril de 2013

Conto: Ser Humano...

Postado por Glaucia Mizuki às 12:46 0 comentários


 Quando os dedos deslizavam pelo violão , seus olhos pareciam cantar a melodia. Os traços firmes de seu rosto , sua tez morena. Olho grandes e azuis e cílios espessos, marcados por sua sobrancelha grossa e masculina. Nenhum homem sabia sorrir com o olhar como ele, ou acordar a preguiça e o calor em qualquer mulher que o admirasse ao passar debaixo de sua janela.

Em sua composição, dois idiomas se entrecruzavam, pareciam brigar por espaço e rima, mas na verdade se abraçavam. Era uma valsa melodiosa que lembrava o tema de um filme qualquer, onde a moça belíssima de uma cidade de interior, só de passar na calçada fazia a todos se apaixonarem por ela. Na primeira estrofe a moça nascia, com sua beleza e alegria e ainda no meio da canção sua vida era medo e nostalgia. Na estrofe pouco se cantava sobre a moça, e se cantava mais sobre a dor de viver sem ter vida ou até sem amor. E quando a tristeza invadia os ouvidos de quem ouvia a canção melodiosa, a moça surgia dançando e sorrindo, em sua idade cheia de esperança por tudo que ainda não havia vivido. A música então reiniciava, sem fim, sem mais nada.

            Os que passavam e ouviam, levavam consigo uma angústia da incompletude da letra, mas sentiam que o ritmo lhes concedia certa parte na autoria... e saiam imaginando um fim melhor para a moça...talvez um amor que a fizesse amar, ou um filho no ventre para a ocupar. Cada um projetava o próprio desejo na melodia que soava, e saíam geralmente assoviando ou murmurando a canção pela calçada.

No entanto, o cantor e compositor, frustrado , criou em sua alma a superstição de que a música enquanto estivesse incompleta acelerava seu envelhecimento. E este pensamento o atordoava, e seus dedos já começavam a tropeçar nas notas. E o suor escorria-lhe em uma tímida ansiedade.
Precisava terminar a canção. Nada lhe impedia de prosseguir. E nada o inspirava.
No outro lado da rua, um ex policial sentado no parapeito de um edifício,girava lentamente os tornozelos enquanto o calor do meio dia lhe queimava a face. Abaixo de seus pés, doze andares, e em suas mãos o cimento áspero da janela. O calor o consumia menos que sua angústia. Em sua alma a certeza de que somente sua morte traria a resposta.

Algumas pessoas começavam a observá-lo , paradas conversavam entre si, algumas curiosas e desejando no íntimo que o espetáculo se encerrasse antes do horário do próximo metrô e outras imaginando o que faria uma pessoa se colocar em uma situação como aquela, sendo que havia tantas outras formas anônimas de suicídio.

Um senhor de sessenta e cinco anos parou, olhou para cima e retirando seu último cigarro do maço o desentortou. Com a mão esquerda buscou seu isqueiro no bolso surrado.  E sem acender o cigarro, ficou observando a cena imaginando a idade do homem que estava lá em cima. Ajustando seus óculos embaçados no rosto, cerrou os olhos para tentar enxergar o rapaz que sentado no alto do prédio parecia gritar algumas palavras. Era difícil olhar contra o sol, e sua vontade de acender o cigarro o fez afastar-se dali até a próxima quadra onde um bar estava aberto.

Durante vinte  e cinco anos o bar abria todas as manhãs, e aquela seria mais uma manhã de funcionamento. A proprietária, uma senhora ruiva e gorda, escorava os peitos sobre o balcão enquanto servia a última dose de um cliente que passara a noite bebendo tequila.
A penumbra do ambiente e o cheiro de mofo e fumaça de cigarro, confundiam os freqüentadores em relação ao tempo que passavam ali. Alguns estavam por muitas horas fumando e bebendo olhando para um ponto na parede, outros trocavam palavras desconexas entre si. No entanto se havia algo em comum naquelas poucas pessoas reunidas era a ausência de qualquer traço de alegria, e um olhar semi aberto e cansado da vida. Como se todos formassem um único organismo infeliz.

Em um único gole, aquele rapaz esvaziou o copo. Deixou seu olhar alguns segundos sobre os peitos daquela mulher robusta que o servia . E lembrou de sua infância. De alguma forma aqueles seios fartos o lembravam de sua mãe. Uma senhora de baixa estatura e roliça, que passava os dias entre as panelas e o tanque. Trabalhava muito e quase todos os dias podia ser vista em seu vestido estampado e agarrado ao corpo. Volta e meia um dos peitos saía para buscar um ar e ela o empurrava displicente para dentro do vestido. A lembrança fez o rapaz chacoalhar a cabeça, levantar-se e sair do bar.

Na rua algumas ambulâncias e gritos e pessoas na direção contraria de onde ele ia. Havia uma preguiça em saber o que havia acontecido uma quadra atrás. Resolveu prosseguir e retornar para casa. Era o momento de enfrentar seu problema. Havia pensado a noite toda. Algo deveria ser feito.
Em seu pensamento começou a planejar como esvaziaria o guarda roupa com todas as coisas dela, talvez jogaria sobre a calçada de forma dramática, ou será que isto poderia significar que ele se importava demais? E se apenas ateasse fogo em todas os pertences dela? Não. Com certeza a fogueira chamaria muita atenção. Doar aos pobres? Que pobres? Não conhecia ninguém mais pobre do que ele mesmo. E se apenas jogasse tudo no lixo e quando ela voltasse para buscar não encontraria nada, nem ele ali para dizer onde tudo foi parar. É isto...ele mesmo deveria sumir com todos os objetos. 

A cada passo em que se aproximava de sua casa, as idéias pareciam borbulhar em sua mente. E chegando na esquina percebeu em frente ao seu portão o contorno de um corpo feminino  lhe aguardando.Era ela. Sentada no chão. Era ela sim. Seu cabelo brilhava ao sol e ao vê-la inspirou o ar buscando forças e relembrando do cheiro de sua pele. Não. Precisava resistir. Provavelmente estava envergonhada de tudo o que fez. Talvez ele apenas devesse perdoá-la.
Ela estava ali, sentada. E segurava os calcanhares. Apertando-os como se pudesse fazer o tempo voltar e desfazer tudo o que havia feito. Enquanto olhava para o portão se abrindo ao seu lado, percebeu que ele estava vindo em sua direção. Levantou-se. Disfarçou a ansiedade. Começou a ajudar uma senhora com um bebe e duas bolsas saindo de casa. A senhora parecia irritada com a ajuda e prosseguiu caminhando sem agradecer.

A senhora ajeitou o bebe no colo. Jogou as bolsas sobre os ombros e continuou caminhando. Deixou atrás de si aquela moça, intrometida, em pé, ansiosa, olhando um rapaz vindo em sua direção. Enquanto ela mesma caminhava na direção deste rapaz.
Ao passar por ele com o bebe, pensou que nunca tinha visto um rapaz mais triste que aquele. E o bebe puxou-lhe os cabelos sorrindo fazendo-a lembrar de que estava indo para a rodoviária. Faltava poucos minutos para o ônibus passar. A bolsa estava pesada. Não tinha dinheiro para o táxi. Precisava se concentrar.

Chamou a atenção do bebe que mexia sem parar em seu colo. Viu o ônibus vindo e acenou para ele com o pé. Não havia mãos sobrando para que fizesse o aceno. Assim que parou, ninguém desceu para lhe ajudar e o olhar impaciente do motorista mostrava que ela estava atrapalhando o itinerário que precisava seguir. Ela jogou a bolsa para dentro. Caiu na escada. Tentou entrar e enfim alguém levantou para tirar sua bolsa do caminho. Entrou no ônibus e sentou-se. Uma bolsa embaixo do banco , outra em seu colo e o bebe em cima. O ônibus estava lotado. E ela preocupada em perder o horário de sua passagem na rodoviária. Precisaria pegar mais dois ônibus para então chegar no seu destino. Um destino que mudaria para sempre a história daquele bebe que carregava nos braços. Por um instante imaginou os pais chegando em casa e procurando a babá e o bebê mas pensou que estaria longe o suficiente para não se preocupar. Ninguém nunca mais acharia aquela criança e ela estaria desfrutando de seus vinte mil reais . A porta do ônibus fechou-se.

O motorista impaciente pelos minutos perdidos acelerou com força cantando os pneus ao arrancar o ônibus. Era sua última viagem do dia, queria descarregar o mais rápido possível e voltar para casa. Não tinha ninguém lhe esperando, não tinha nada especial para fazer.  Nem comida havia em sua geladeira já que o fogão ele mesmo havia vendido meses atrás para pagar algumas dívidas. Além de cinco cervejas e duas formas de gelo vazias, havia apenas um eco de solidão em seu refrigerador, em sua casa e em sua alma. Ainda faltavam vinte e cinco paradas de ônibus antes de chegar ao terminal. Sim. Ele estava contando. Os sons dos passageiros entrando e saindo, falando, sorrindo, reclamando ou chorando não chegavam aos seus ouvidos.

Nestes últimos minutos de trabalho suportava a presença de outras pessoas apenas imaginando que ninguém era real, e ele mesmo era o ônibus. E cada carro na estrada movia-se sozinho . Não havia ninguém...assim como em sua casa. A rua, a cidade, o mundo...estava vazio. Sua tristeza era sem fim. Assim como sem fim parecia ser a rotina deste último itinerário.


Poema: Catavento

Postado por Glaucia Mizuki às 10:04 0 comentários

Na estrada da morte
olhei,
sobre a lápide fria,
uma flor colorida...inquieta
com o vento se movia.
Não era flor, 
não estava viva.
Por um instante sorri.
Mais um catavento 
no cemitério
de meu pensamento.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Poema: Ser em Flor

Postado por Glaucia Mizuki às 11:57 0 comentários


Tudo busca uma forma de ser 
um forma de flor
de flor e ser
florescer 


Acrílico sobre Tela


quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pensamento: Saudades

Postado por Glaucia Mizuki às 22:36 0 comentários


Um ano de ausência
e de repente percebo
a semente do medo.
Tua presença
é uma frágil
linha
invisível
na memória.

Espie aqui:

 

Palavras ... Template by Ipietoon Blogger Template | Gift Idea